A
“marrrdita” da culpa materna
Ouvi uma vez de uma mãe no meu grupo de pós-parto que,
quando nasce uma mãe, nasce a culpa. Sim, esse sentimento que adora fazer a
gente ficar confuso, e muitas vezes nos faz sofrer, pode ser muito presente no
pós-parto.
Ele nos assola nas decisões que temos que tomar entre uma
coisa ou outra. Podemos até escolher um caminho, mas a outra possibilidade
insiste em ficar martelando na cabeça... AAAAAARRRRGGG!!!! Como resolvo essa
“marrrdita”
culpa?
A primeira coisa que gostaria de colocar é que a culpa, por
mais difícil de sentir que ela possa ser, não existe à toa. A culpa nada mais é
que um sinalizador, de nós para nós mesmos, do que é importante pra gente, e
portanto importante de ser cuidado. Neste sentido, ela pode ser nossa aliada, ao
ser a força motriz que nos leva às mudanças e escolhas necessárias para que
possamos levar uma vida mais plena de sentido.
Porém, há algumas considerações que podemos fazer quando
ela aparece, que nos ajudarão a dar a ela o seu devido lugar, o de aliada, e não inimiga. Quando a culpa me
assolar, posso me perguntar: Será que não estou escorregando para algum tipo de
idealização do que é ser uma “boa mãe”?
As idealizações, na verdade, é que são nossas maiores
inimigas. Estes ideais que carregamos raramente condizem com a nossa experiência
real. Eles são ruins porque nunca conseguimos atingi-los e nos sentimos sempre
em dívida com nós mesmas, com noss@ filh@ e com os outros. E o pior é que podem
impedir ou dificultar que façamos escolhas próprias e criativas na vida. Se
houver muita idealização, muito provavelmente abriremos as portas às culpas
paralisantes e nocivas. Eu sempre digo para as mulheres que acompanho nos grupos
e no consultório: nossos filhos não querem mães ideais, querem mães reais!
OK, mas não consigo identificar o que é idealização minha
nessas situações – você poderia me perguntar. Você pode começar sua reflexão se
perguntando: quais limites meus eu estou ignorando? Se formos pelo caminho de
identificar aquilo que não conseguimos dar conta, ou aquilo que está muito
difícil, estamos rompendo com a idealização e falando de nós mesmos.
A culpa que paralisa ou que se arrasta é fruto de
idealizações e da dificuldade em reconhecer os próprios limites. Se pudermos dar
a culpa o seu devido valor, sem tirar nem por, de maldita, ela vira é
bendita!
Estou por aqui, às terças-feiras, quinzenalmente, e toda
segunda feira, ao vivo no Espaço Nascente (espaco-nascente.blogspot.com.br)
coordenando o grupo de pós-parto. Ficarei feliz de dialogar com vcs leitores,
podem entrar em contato comigo com dúvidas ou sugestões de tema, por email ou
por telefone: cristoledano@hotmail.com 11 9966-2314. Mais textos sobre pós parto
e outros temas em: cristoledano.blogspot.com.br
* O Grupo de Pós Parto está em recesso nesse mês de julho, retornando suas atividades em Agosto/12. Sempre as segundas, das 14h as 16h, aqui no Espaço Nascente.