É possível se preparar para o pós-parto?
Sim e não!
Deixa eu me explicar...
Independente de como escolhemos empreender uma preparação
para a chegada do bebê, o que acaba operando dentro da gente, e o que faz com
que sintamos mais segurança e conforto, é o fato de que algo, no caso o pós-parto,
passa a fazer parte do nosso universo de preocupações, e, assim, podemos nos
organizar para que tenhamos o máximo de recursos para agir diante do novo.
Porém, quando estamos a nos preparar para algo, é quase
inevitável sermos levados a considerar aquilo que sempre escapa à preparação,
não é mesmo? Aquilo que imaginamos está sempre à mercê do que concretamente irá
se dar, há sempre a possibilidade do imprevisto, da novidade...
A preparação portanto abarca tanto a nossa potência, quanto
a nossa impotência. Levar ambos aspectos a sério é empreender uma verdadeira preparação.
Por que digo isso?
Considerar que a preparação é um fim em si mesma é
justamente não se preparar para o que de novo e surpreendente pode acontecer.
Quando o imprevisto se der, ele pode acabar não sendo muito bem recebido. É
capaz que vivamos tomados pela frustração ou ressentimento, pela paralisação ou
pelo enrijecimento. O inverso também pode acontecer: se o pós-parto não puder
fazer parte de nossas preocupações, quando ele chega, pode arrebatar, pois nos
vemos sem os recursos para agir diante do novo.
Preparação, portanto, é estar presente para receber. Mas, ao
receber, saber também que necessariamente irei me transformar. Preparem-se para
a chegada de seus filhos, mas não se esqueçam também que eles são... a
novidade!
Texto: Cristina Toledano (psicóloga)
Acesse: Grupo de pós-parto